quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Canyoning – A Modalidade



O canyoning é um desporto onde se pode encontrar uma simbiose entre a natureza, a aventura e o prazer de águas cristalinas. A grandiosidade dos ambientes naturais proporciona uma sensação de descoberta e aventura impares, que atrai um número crescente de adeptos.


Esta modalidade é muito apreciada principalmente porque conjuga algumas técnicas associadas ao montanhismo, com outras da espeleologia e ainda outras das águas bravas. O ambiente é, em geral, de grande beleza paisagística e imponência e são raros os vestígios da acção humana.

Nos últimos anos esta actividade tem crescido significativamente no âmbito do sector da animação turística, sendo que um número elevado de empresas portuguesas já oferece programas com esta actividade. Em Portugal pratica-se essencialmente nas serras do Noroeste, na ilha da Madeira e em três das ilhas açorianas: Flores, São Jorge e São Miguel.

Embora a prática do canyoning a um nível elementar seja bastante acessível, não está ausente de riscos, que são frequentemente subestimados. Os perigos resultam essencialmente da dificuldade de evacuação e do risco de queda e entorses resultantes do terreno ser muito irregular e escorregadio. Nos canyons mais difíceis os perigos estão mais relacionados com a dificuldade técnica em montar os rapeis, descer por cascatas de grande caudal, a fadiga e a hipotermia.

História do Canyoning

Foi a insistente procura de ambientes de beleza impar, protegidos da acção humanizadora e a atracção pela aventura, que levaram os montanhistas e espeleólogos a explorar o fundo dos vales mais profundos, reduto de rios vertiginosos. Devido à morfologia e geologia algumas regiões tornaram-se rapidamente em verdadeiros santuários do canyoning, como é o caso da Serra de Guara, em Espanha e do Verdon, em França.

Sensivelmente a partir de meados da década de 1970, o canyoning tornou-se uma actividade colectiva. Em 1977 Pierre Minvielle edita o primeiro topo-guia com a descrição de diversos canhões, mas foi com a edição topo-guia de Paul Montroue: “Les canyons de Serra de Guara”, editado em 1980, que a modalidade sofreu um grande impulso. Começaram a aparecer os primeiros profissionais que se dedicaram a guiar grupos na Serra de Guara e o canyoning expande-se para outras regiões, nomeadamente para os Pirinéus, Alpes e Maciço Central de França.

O Canyoning em Portugal


Em Portugal a prática da modalidade de canyoning iniciou-se com a descida dos rios Fafião e Cabril no Gerês, em Setembro de 1989, por Francisco Silva e Manuel João. Dois meses depois um grupo de franceses liderado por Fréderic Feu, ligado à empresa de desportos de aventura Atalanta, iniciava as primeiras descidas de canyoning na ilha da Madeira. Nos Açores a primeira abertura de um percurso de canyoning referenciada é de 1997, com a descida do troço superior da Ribeira da Praia, pelos irmãos João e Paulo Pacheco.

No Continente foram abertos e equipados progressivamente novos itinerários, especialmente com o empenho de duas equipas, uma da região de Lisboa (Francisco Silva, Paulo Alves e alguns amigos), outra do Porto coordenada pelo Pedro Pacheco.

Na Madeira após a exploração inicial, alguns madeirenses abriram diversos itinerários, tendo nos últimos anos existido um impulso significativo na prática da modalidade no território, com o trabalho desenvolvido por equipas locais, alguns franceses muito dinâmicos dos quais se destaca o Antoine Florin (que editou em 2007 um Guia com os croquis na Madeira)e diversos técnicos da Associação Desnível. Esta associação passou mesmo a organizar conjuntamente com o Clube Maresia e a partir de 2007 também com o Clube do Seixal estágios regulares: 2003, 2005, 2007 (estando o próximo previsto para 2009.

Nos Açores o grande contributo para o desenvolvimento desta modalidade tem sido dado pela Associação Desnível que, entre 2002 e 2007 já realizou no arquipélago seis expedições, dois estágios, um curso nível II e outro NI.

Autor: Inês Silva

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