Quem gosta de água sabe que a apneia pode ser mais do que uma simples suspensão da respiração. Esta capacidade de controlar o tempo sem ar permite um contacto íntimo entre o mergulhador e o calmo ambiente aquático. O mergulho livre, modalidade mais simples do turismo sub e com maior adesão de praticantes, passa a ser uma actividade com maior rendimento se os mergulhadores souberem usar melhor as técnicas de apneia. Apesar de ser considerado um desporto de risco, na medida em que requer boa resistência – principalmente dos músculos do coração – e que submete o corpo às mais difíceis condições debaixo da água, o mergulho de apneia pode ser útil mesmo no lazer, e sem maiores riscos para o praticante. Desenvolver esta habilidade – que exige preparo físico e mental – não é pré-requisito para o mergulho livre, mas pode fazer com que ele seja muito mais aproveitado. Quanto mais tempo sem respirar, mais a pessoa pode descer em direcção ao fundo do mar. E o contacto com as maravilhas do mundo subaquático passa a ser maior também.
É uma forma popular de mergulho utilizado como recreação e desporto que consiste em nadar na superfície da água com barbatanas, máscara e respirador (snorkel- facultativo) e sem a utilização de oxigeno em cilindro. Esse "mergulho livre' é popular para a pesca com arpão e para a exploração de áreas rasas de água transparente. O respirador é um tubo com formato de J , cerca de 38 cm de comprimento e que permite ao nadador respirar continuamente com a face imersa na água. O mergulhador inspira periodicamente e mergulha debaixo da água para olhar mais de perto. Após cerca de 30 segundos, o nível de dióxido de carbono no sangue aumenta, o mergulhador sente necessidade de respirar e retorna rapidamente à superfície. Essa actividade é basicamente um prolongamento da natação, sendo limitada inteiramente pela capacidade apneica do nadador. O Perigo da Hiperventilação no Mergulho Segundo Mcardle e Katch, 1992,quando uma pessoa inspira profundamente ar ambiente, cerca de 1 litro de oxigénio penetra nos pulmões. Se a seguir a respiração for bloqueada, 600-700ml de O2 nos pulmões poderão ser utilizadas para alimentar o metabolismo, antes das pressões parciais de O2 e CO2 arteriais assinalarem a necessidade de renovar a respiração. Com algum treino alguns de nós consegue prender a respiração por 1 min. Durante este período, a pressão arterial do O2 cai para cerca de 60 mm Hg, enquanto a do CO2 sobe para 50 mm Hg. Durante o exercício, o tempo de apneia sofre grande redução , pois o consumo de O2 e a produção de CO2 aumentam em proporção directa com a intensidade do exercício. O mergulho em apneia , presidido por hiperventilação , pode ampliar o período apneico, porém aumenta muito perigo do mergulho. Se o mergulhador hiperventila na superfície antes de um mergulho, a pressão do CO2 arterial cai e a duração potencial da apneia aumenta. A seguir, o mergulhador inspira profundamente e imerge na água. O O2 alveolar penetra continuamente no sangue, para ser fornecido aos músculos activos. Por causa da hiperventilação prévia, os níveis de CO2 continuam baixos e ao mergulhador está essencialmente "livre da necessidade de respirar. Concomitantemente, à medida que o mergulhador se aprofunda, a pressão externa da água comprime o tórax. Esta maior pressão mantém uma pressão de O2 relativamente alta dentro dos pulmões. Assim sendo, apesar de a quantidade absoluta de O2 nos pulmões ser reduzida ( à medida que o oxigénio penetra no sangue durante o mergulho) , é mantida uma boa pressão para saturar a hemoglobina, enquanto o mergulhador prossegue. Quando o mergulhador sente necessidade de respirar e começa a subir, ocorre uma inversão significativa de pressão. A medida que a pressão da água sobre o tórax diminui e o volume pulmonar se expande, a pressão parcial de O2 nos alvéolos sofre uma redução proporcional. A medida que o mergulhador se aproxima da superfície, a pressão de O2 nos alvéolos pode ser tão baixa que o O2 dissolvido abandona o sangue e penetra nos alvéolos. Nesta situação, o mergulhador pode perder bruscamente a consciência, antes de alcançar a superfície e além disso a diminuição de Hidrogénio com a redução de CO2 no sangue pode tornar o sangue mais alcalino.
Melhore seu fôlego: (conselho dos grandes craques do mergulho: Umberto Pelizzari, Bernard Salvatori, Daniel Vitrolles e Roland Specker)
1. Ainda com a cabeça fora da água, concentre-se somente na respiração e você relaxará o corpo automaticamente. Feche os olhos e tente se induzir a movimentos lentos. Isso vai aliviar a musculatura. Enquanto você respira, tente pensar no seu corpo em partes separadas: primeiro relaxe a perna direita, depois a esquerda, cada parte do corpo em diante. Assim você diminuirá o ritmo cardíaco, a pressão sanguínea e a contracção muscular, ao contrário do que acontece quando praticamos a hiperventilação - uma respiração forçada antes da retenção do ar. O mesmo vale para apneias sucessivas: tente se recuperar relaxando. Para se ventilar, posicione-se na horizontal e deixe cair os braços. (Umberto Pelizzari)
2."Durante a preparação para o mergulho, ainda nos primeiros movimentos respiratórios, a expiração deve ser total e controlada. Um pouco antes da descida, tente torná-la mais tranquila. No fim da expiração, deve-se sentir um relaxamento muscular total, jamais um formigueiro. Atenção: iniciantes não devem gastar mais de 2 minutos ventilando-se. Ao perder a respiração, não retenha o ar no diafragma - barriga. Prefira bloqueá-lo na glote - na garganta. Assim sua apneia será muito mais confortável. Eu garanto!"(Bernard Salvatori)
3. "Em dias de mar mexido, você deve encontrar um meio de preparar o mergulho da maneira mais calma possível. Segure-se no motor do barco - desligado, claro - ou em um pedaço de cabo preso ao cunho. A precipitação é o maior inimigo da apneia. As primeiras descidas condicionam toda aquela saída de caça. Faça mergulhos curtos, ou "meia - descidas", somente para "abrir o fôlego ". Estas primeiras apneias devem ser preparada com consciência e ênfase no relaxamento. Quando começo a caçar em águas turvas, demoro uns dois ou três mergulhos para atingir o fundo sem apreensões. Se estou com pressa para descer de novo, me forço a fazer dez inspirações lentas antes de mergulhar outra vez. Ao chegar à superfície, retorno lentamente minha respiração bloqueando-a uma ou duas vezes, para diminuir meu ritmo cardíaco. A ansiedade é um grande inimigo da apneia. (Daniel Vitrolles)
4." O relaxamento está ligado ao pensamento positivo, que consiste em visualizar uma acção a ser feita como um momento agradável: Eu adoro fazer isso. Todos os gestos devem ser moderados. O grande Jacques Mayol dizia: "vou fazer e o farei" Mas voc6e deve ser honesto consigo mesmo e conhecer seus limites. O relaxamento pode trazer mais comodidade, mas jamais substituirá um treino prévio ou encobrirará uma batida de pernas deficiente.
Os grandes apneístas utilizam também a técnica do "não -pensamento"sobretudo na apneia estática. Simplesmente esquece-se do tempo que passa. É um exercício difícil, originário da yoga, e que exige grande perícia."(Roland Specker) A hora de descer: "Quanto mais hidrodinâmica e mais rápida, mais eficaz será a sua descida. Desça sempre na vertical e movimentando as duas pernas ao mesmo tempo e não uma após a outra. A cabeça deve alinhar-se entre os dois braços estendidos - se você estiver desarmado. Evite olhar o fundo. A batida de pernas precisa ser ampla dobrando-se os joelhos o mínimo possível, mas não pode ser rígida. Na verdade, não há segredos: a batida ideal surge com o treino. (Bernard Salvatori) Administrando a subida: "Devemos nos manter calmos na subida, nadar tranquilamente e desacelerar nos últimos 10 m, pois a flutuabilidade torna-se de novo positiva. Expirar o ar com força na superfície é ruim e pode levar à síncope, ao famoso "apagamento". Comece a expirar levemente, um pouco antes da tona. Não olhe para cima, pois é um factor de stress. Em vez disso, feche os olhos e, enquanto nada, pense positivamente: "óptimo, já está à determinada profundidade! " Evite maus pensamentos do tipo"ainda me faltam tantos metros." Ao fechar os olhos, concentre-se na sua técnica de batida de pernas."(Umberto Pelizzari) Para ganhar alguns metros: "Calcule o tempo que você costuma gastar nas suas profundidades habituais. Se você se sente bem no fundo e não sobe no limite , isso significa que pode descer mais 2 metros. Importante: para agir assim, fique um pouco menos de tempo no fundo. Importantíssimo: não espere a primeira contracção do diafragma para volta à tona. A sensação de segurança acalma e ajuda a ganhar alguns metros. Daí a necessidade de descer junto ao alguém de confiança. (Umberto Pelizzari) Treino Para a Apneia. A apneia é um desporto anaeróbico, que faz liberar no organismo o ácido láctico, um tóxico muscular que pode fazer surgir cãibras.
Mas isso não acontece o tempo todo. O ácido láctico só é liberado em grandes quantidades quando os esforços em apneia superam 1 min e 30 segundos. Sendo assim, uma boa preparação para a apneia exige, primeiramente, um bom trabalho aeróbio de resistência (2 horas por semana), completado por fases anaeróbicas específicas de 1 a 2 horas semanais. Você pode treinar tanto na água - de preferência -como também em terra, desde que o trabalho muscular seja o mais parecido possível com os esforços aquáticos. O treino deve permitir aos músculos (inclusive o coração) trabalhar em condições difíceis e suportar a falta de oxigénio. Por isso, o exercício preferido dos mergulhadores livres é a natação equipada (feita com máscara, snorkel e barbatanas). Geralmente se faz um percurso nadando na tona para regressar por baixo da água. Todo tipo de treino precisa ser controlado por um especialista, depois dos exames médicos normais. A alimentação do apneista deve ser variada e equilibrada em carboidratos, lipídeos e protídeos, na proporção calórica de 4, 2,1. Ela também precisa ser rica em ferro e em vitaminas B1, B6 e C. As refeições antes do mergulho devem ser feitas como em outros desportos: entre 3-6 horas antes, para ter o estômago praticamente vazio e não se arriscar a uma hipoglicemia. Se o mergulho durar o dia todo, consuma pequenas rações de açúcares rápidos, como frutas cristalizadas e passas. Jamais tome bebidas gasosas, nem se alimente com comidas gordurosas. Quanto maior for o consumo de proteínas na refeição anterior ao mergulho, melhor será sua protecção térmica. Tenha certeza disso. Por fim, fumar, nem pensar. O uso do tabaco reduz a fixação do oxigénio nos glóbulos vermelhos. (Dr. Daniel Bonnet)
http://vitrocas.multiply.com/reviews/item/7
http://360graus.terra.com.br/mergulho/default.asp?did=4511&action=reportagem
http://www.brasilmergulho.com.br/port/artigos/2004/004.shtml
http://www.apneiapescasub.com.br/portal/modules.php?name=News&file=article&sid=8
http://www.mergulholivre.com.br/?c=126&s=215&lang=16
Autor: Açores
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