terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Riscos da exploração

Actualmente, com o desenvolvimento de técnicas e equipamentos e aumento da preparação dos espeleólogos e guias, a exploração e turismo em cavernas são actividades relativamente seguras, mas o risco de acidentes, envenenamento ou doenças é grande. Em geral estes riscos estão associados a pouco planeamento ou a negligência, por isso é importante conhecê-los antes de qualquer incursão em grutas. Também é fundamental que a exploração nunca seja feita por pessoas desacompanhadas. É recomendável que as pessoas conheçam primeiros socorros. Como medida adicional, a administração do parque, proprietários das terras ou autoridades, como bombeiros ou policiais florestais devem sempre ser avisados do destino da equipe, número de membros e prazo de retorno. Por sua própria natureza as cavernas localizam-se em terrenos acidentados, com vegetação cerrada e presença de rios. Como as cavernas costumam ficar no interior de parques costumam estar distantes de estradas. Nestas condições o resgate dos exploradores e turistas pode ser difícil e demorado, por isso um bom planeamento e utilização de equipamentos e técnicas adequadas pode evitar que situações complicadas ou fatais aconteçam. Os principais riscos são listados a seguir:

Quedas – As galerias e formações no interior de cavernas exigem cuidados na caminhada. Em qualquer das actividades dentro e fora da caverna, bem como nos trajectos de entrada e retorno, há possibilidade de quedas que podem causar lesões musculares, fracturas, traumatismos e até a morte. Sempre que haja risco associado a altura, cordas e técnicas verticais devem ser utilizadas para evitar quedas perigosas.

Envenenamento - Nas proximidades e interior de algumas cavernas é possível encontrar animais como cobras, escorpiões e aranhas. O uso de botas e roupas que protejam pernas e braços minimiza o risco de envenenamento. Caso algum membro do grupo tenha sido atacado, deve-se procurar imediatamente o hospital mais próximo. Se possível, o animal deve ser levado para facilitar a identificação da espécie e o soro mais adequado.

Doenças - Uma das doenças que pode ser adquirida em cavernas é a hidrofobia (raiva), transmitida por morcegos. Embora eles não costumem atacar directamente as pessoas, é possível o contacto acidental com unhas e dentes dos morcegos quando eles voam ao entrar e sair das grutas. Outra doença possível é a histoplasmose(1), doença adquirida pela inalação dos esporos do fungo Histoplasma capsulatum presente no guano de morcegos. É uma doença oportunista que só ataca pessoas com baixa resistência, por isso é recomendável evitar a visitação de cavernas quando estiver com alguma doença que provoque queda imunológica. Por tratar-se de uma doença de transmissão respiratória, recomenda-se a utilização de máscaras em áreas propícias à presença do fungo.


Hipotermia - A permanência prolongada em ambientes inundados ou com baixas temperaturas, associada ao cansaço, pode levar à hipotermia, condição perigosa que se não tiver os cuidados adequados pode provocar choque circulatório, inconsciência e até a morte A hipotermia não tratada a tempo pode provocar lesões e sequelas neurológicas por insuficiência circulatória. Para evitá-la, os exploradores devem levar roupas impermeáveis, de secagem rápida, agasalhos e roupas secas. O aquecimento com cobertores ou banhos quentes e o uso de bebidas quentes é a forma mais eficiente de tratamento precoce. Ao contrário da crença popular, o uso de bebidas alcoólicas é desaconselhado e pode até piorar o quadro.

Afogamento - Risco em cavernas inundadas, travessias de rios subterrâneos ou superficiais ou durante a prática de mergulho. O uso de coletes salva-vidas por pessoas que não saibam nadar é recomendável.


(1) A histoplasmose clássica ou Doença de Darling como também é conhecida, é uma micose sistémica, ou seja, é uma infecção fúngica que acomete os órgãos internos. É provocada pela inalação de microconídeos da fase micelial do fungo dimórfico Histoplasma capsulatum var. capsulatum. O H. capsulatum desenvolve-se em solos ricos em nitrogénio presentes nas fezes de aves e morcegos. São considerados fontes de infecção árvores ocas, construções antigas e cavernas habitadas por esses animais. Uma outra fonte de infecção ocorre pela suspensão e propagação de partículas infectantes pelo vento ou pala remoção do solo. Em pacientes imunocompetentes, a histoplasmose é benigna, assintomática, apresentando sintomas gripais que espontaneamente se desenvolvem de acordo com a exposição à forma infectante do fungo pode provocar Histoplasmose pulmonar aguda podendo agravar-se até à forma disseminada. Na histoplasmose pulmonar aguda os pacientes podem apresentar febre alta persistente, tosse seca, astenia e anorexia. Na histoplasmose disseminada os pacientes apresentam febre, anorexia, sudorese, tosse, expectoração, dispneia, comprometimento pulmonar, do sistema nervoso central e cutâneo. O diagnóstico da Histoplasmose é realizado através do exame directo, utilizando escarro, lavado bronco alveolar, biopsias de tecido acometido. O tratamento da Histoplasmose faz-se através da anfotericina B, intraconazol, cetoconozal e fluconazol.

Bibliografia:
http://www.sbe.com.br/anais29cbe/29cbe_007-012.pdf

Autor: Suse

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